Há uns dias atrás tivemos uma conversa muito interessante com a Paulina Chiziane. Falámos de poesia, colonialismo, crenças, escravatura e como este período tão negro na história da humanidade afectou e continua a condicionar a consciência e o subconsciente dos povos de África.
Paulina Chiziane é possivelmente a autora mais conhecida da literatura moçambicana e publicou contos, novelas e, acima de tudo, poesia. A Paulina é uma fervorosa defensora dos direitos humanos e dos direitos das mulheres em particular, e o seu trabalho tem tratado de questões tão delicadas como a poligamia no seu país.
Na apresentação do seu último livro de poemas O canto dos escravos na Casa da Cultura de Xai-Xai, fomos com uma representação de alunos do ensino secundário de Khanimambo para ouvir em primeira mão como soavam os seus novos versos. Esta colecção de poemas é dedicada à liberdade, à escravatura, à africanidade, ao imaginário colectivo da moçambicanidade, às crenças…
A Paulina salientou a importância de cada africano construir a sua própria história de vida, livre de influências e preconceitos. Ela falou de como é importante não ser excessivamente influenciada pela cultura e religiões estrangeiras. Segundo ela, o Eu africano (e o moçambicano em particular), apesar das particularidades de cada país e região, tem muito de novo para expressar, e é tempo de, após mais de 40 anos de independência, de largar as amarras e dar rédea solta à criatividade.
É um prazer e um luxo para os estudantes poder abrir estes espaços de debate e aprendizagem.
Além disso, ofereceu-nos um livro assinado para a nossa biblioteca :-)
Khanimambo Paulina.